26 de dezembro de 2009

Presente de Natal que eu daria a um Necessitado

À criança: lar, aconchego, folguedo, brinquedo.
Lar que guarda, protege, preserva, nutre e educa;
Aconchego que é ninho,
Folguedo que é euforia em movimento,
Brinquedo que enche a cabeça de imaginação, que é tesouro incrível,
dádiva, realização. Brinquedo que faz criança feliz.



Ao jovem: família, sonhos, fé no futuro, confiança em si mesmo,
oportunidades.
Família para apoiá-lo e vibrar com seus êxitos;
Sonhos para idealizar o amanhã;
Fé no futuro para não temer;
Confiança para buscar as soluções em si mesmo;
Oportunidades, para que os sonhos se realizem;



Ao maduro: paz no lar, segurança no emprego, reconhecimento,
consciência de sua grandeza, alegria no viver;
Paz no lar, para enfim se acalmar e degustar a vida;
Segurança no emprego; as oportunidades se escasseiam;
Reconhecimento; o maior alento para o espírito vem dele.
Consciência; - Foi grande a minha luta, eu alicercei as nossas vidas, sei disso;
Alegria; - Tudo vale a pena se estivermos alegres e de bem com a vida.



Ao velho:
Amparo, mas não prisão;
Sossego, não abandono;
Respeito afável; não distanciamento
Saúde para o corpo, alegria para a alma,
Brilho para a mente, esperança, ainda que vã, de vida longa;
(esses itens falam por si mesmos);



A todos:
Um planeta preservado para viver;
-Sem planeta não há vida...
Amor de amar e ser amado;
- Sem esse amor a vida perde o sentido

20 de dezembro de 2009

Uma Rosa para Laura -

(poemas que eu balbucio)


Queria te dar uma rosa

Linda e diáfana como

Imagino que imaginas.



Uma rosa graciosa e sutil,

De um rosa suave e maravilhoso,

Respingada de orvalho e

Das lágrimas que a noite chora..



Uma rosa iluminada por um

Forte clarão momentâneo,

Com um brilho difuso e nítido

Como a luz do vaga-lume

Em noite escura.



Uma rosa ideal e pura,

Bela e suavemente perfumada

Imantada de um encanto natural,

Que te inebriasse e prendesse.



Que te encantasse

Te fizesse sorrir extasiada

Te levasse às lágrimas,

Que, enfim, revelasse

As emoções mais secretas

De tua alma.



Que exteriorizasse

Através de teu amor,

A percepção da emoção

Contida na flor

Rilmar (1990)

15 de dezembro de 2009

A Poesia e o Poeta


Poesia é uma forma,
Uma maneira , um jeito,
De expressarmos aos outros
Gritos contidos no peito

São as mágoas, os tormentos,
Júbilos, sorrisos, saudade,
Externados, de tal modo,
Que evoque reciprocidade.

Poesia é um momento
Em que o eu interior
Fala de alma para alma,
Com algum interlocutor.

Poesia é o amor.
Da desolação, do tédio,
Dos tantos males da vida,
É lenitivo é remédio.

A poesia e o poeta,
Têm relação bem estreita,
Ele se expõe, vivencia,
Ela aguarda, espreita.

Elaborada a vivência,
Tenta expressar o que sente;
Fiel ela se entrega,
Com seus versos mais ardentes

Então, dessa integração,
Desse pacto de amor,
Surgem jardins de emoções,
De paz, de enlevo e esplendor.

Os amantes se completam,
Um sente, a outra traduz;
Ele pensa que a cria,
Ela supõe que o conduz.

Rilmar.

13 de dezembro de 2009

Pensamentos


Somados tudo o que sei mais o que penso que sei; é muito menos do que aquilo que eu não sei.
Somados os dois primeiros com o terceiro; é infinitamente menos do que o que eu ignoro.
O que eu ignoro é aquilo que eu nem sei que não sei.
Rilmar

7 de dezembro de 2009

Barrabaz o Cão Amigo



• Moleques de rua vinham, frequentemente, pulando o muro de meu quintal e praticando furtos. Diziam algumas pessoas que era porque tinham fome; que não o faziam por maldade; que se eu tivesse paciência, Deus me recompensaria.
• Se Deus aparecesse para mim, ao menos em sonho e me prometesse recompensa, vá lá!... Mas, vocês sabem como são essas coisas de Deus não é? Quem fala em nome d’Ele, certamente nunca o viu e nem verá. Até, porque há muito maior probabilidade de se ganhar na mega-sena sozinho do que se encontrar com Deus. Não que eu não creia; mas entre o crer, o merecer e o ver vai uma distância tão grande que é melhor a gente não se animar muito não.
• Sendo assim; eu a cada dia ficava mais puto com aqueles pivetes filhos –da- mãe.
• Roubavam de tudo!...
• Bicicleta, velocípede, galinhas, frutas, bujão de gás, roupas do arame, calçados que ficassem no quintal para secar e até torneiras e bomba de imersão na cisterna; deixando a casa sem água e causando o maior tumulto.
• Daí, resolvi por cacos de vidro sobre o muro e uma cerca elétrica dita como infalível.
• Realmente, a cerca era infalível. Com menos de uma semana que fora colocada; um grupinho de pivetes, os de sempre, duvidou de sua eficiência e tentou pular o muro.
• Foi bater- e –valer!
• Em plena madrugada fui acordado pelos vizinhos revoltados esbravejando em frente à minha casa, e pelas mães dos pivetes que faziam o maior escândalo gritando para que eu desligasse a cerca.
• Atarantado de sono, assustado, nervoso e com medo de ter matado alguém, peguei o controle remoto da cerca elétrica, cliquei desesperadamente apontando para a caixa do alarme e, depois de várias e angustiantes tentativas, consegui desligá-la.
• Cessou o alarme da cerca, mas a rua se encheu com o ruído do corpo de bombeiros, do SAMU e da polícia que chegaram quase juntos para prestar socorro, arrancar a cerca e me levar até à delegacia para lavrar o flagrante.
• Na delegacia o delegado me olhava com ódio enquanto fazia perguntas e anotava num livro grosso e antigo, dois policiais cochichavam entre si e me o apontavam com desprezo; um advogado esfregava as mãos olhando para mim com uma cara esperta e marota.
• Felizmente Deus, o inacessível, compareceu também, não deixando os moleques morrerem, acalmando a multidão e transformando o flagrante apenas em uma pesada fiança que paguei sem reclamar já que estava morto de medo das conseqüências.
• Conjecturei: - Tudo bem, fico sem a cerca, mas ninguém vai continuar me roubando!
• - E, onde é que ficam a polícia, o SAMU, os bombeiros e esse bando de vizinhos que não vêem esses capetinhas pulando meu muro e roubando minhas coisas?... De que lado eles estão?
• Pensei comigo mesmo:
• - Ah!... Não aceito. Vou é comprar um cão de guarda.
• Comprei!...
• Comprei um cachorro fila mestiço com buldogue e, para não ficar a vida inteira esperando o animal crescer, comprei um filhote já meio erado, de mais ou menos um ano e meio.
• De tão grande e tão zangado, lembrava o Barrabaz da Izabel Allende de Casa dos Espíritos. Depois de muita adulação, longas conversas e afagos arriscados, o cão foi lentamente nos aceitando e, finalmente, se tornou um de nós.
• Territoriais como são os cães, o nosso tratou de demarcar o terreiro com grandes esguichos de urina nos troncos das árvores, no pé do muro, nas pedras e até nos buracos de formigas do quintal.
• Depois disso vigiava o quintal noite e dia atacando violentamente qualquer coisa que tentasse pular o muro: gatos, gambás, ratos e, é claro, moleques encapetados e indesejáveis.
• Com o tempo e cachorro cresceu mais e ficou mais bravo ainda. Quando estava zangado punha-se de pé nas patas traseiras e mostrava a carranca ameaçadora por cima do muro, assustando os transeuntes.
• Não tardou muito e veio uma ordem judicial determinando que eu contivesse o animal, amordaçasse e colocasse placas avisando de sua periculosidade; ou abrandasse o seu gênio.
• Não tive dúvidas. A solução era abrandar o gênio.
• Após consultar vários entendidos, ficou estabelecido que castração seria a solução para o abrandamento do gênio do bicho.
• Castração não me parecia difícil. Digo da execução. Faca amolada, alguém distraindo o cão, coragem, destreza e decisão; já que anatomicamente não parecia haver dificuldade alguma. O que devia ser extirpado estava bem à mostra e bastante acessível. Duas bolotas acondicionadas em uma pequena bolsa pendurada bem na parte de trás do cachorro. Como se estivesse ali para se exibir.
• Preparei todo o meu material necessário para o ato médico: Uma tigela para receber a peça retirada, uma bacia com água limpa e morna conforme via nos filmes, compressas, sabão, álcool iodado, agulha e fio para sutura.
• Tomei um trago duplo de cachaça para aumentar a coragem e passei a amolar bem uma grande faca de churrasco.
• Amolava a faca pacientemente enquanto observava o cão que não tirava os olhos de mim. Ora me olhava com um olhar triste e incrédulo, ora com uns olhos arregalados de espanto.
• Parece que ele desconfiou da maçada não só por ver aquela faca grande ser amolada com tanto esmero, como também porque alguém o havia ludibriado dando-lhe um osso enquanto outra pessoa foi por trás e deu um banho de água morna na peça visada para o ato cirúrgico e em suas adjacências. Depois passaram uma solução de iodo chamada povidine e, em seguida, vestiram-lhe uma espécie de fralda com uma abertura própria para deixar de fora a bolsa com as duas glândulas.
• Desconfiado, ele se aproximou de mim e roçou seu corpanzil em meu joelho, primeiro o lado esquerdo, depois o direito, em seguida latiu duas ou três vezes como que querendo certificar-se de nossa amizade. Afastou-se então e foi postar-se a cerca de cinco ou seis metros de mim.
• Em certo momento o cão começou a choramingar num ganido triste e secular, a uivar baixinho num uivo longo como a se despedir da vida; sentou-se sobre os testículos, cruzou as pernas traseiras e adotou, ao mesmo tempo, uma expressão de quem implorava piedade, mas deixando bem claro que lutaria até a morte para defender sua macheza.
• Meu coração gostava daquele bicho.
• Sua expressão, seu lamento triste, sua lealdade, a solidariedade própria de nós os machos; essas coisas todas foram minando-me em minha decisão até que, por fim, guardei a faca, afaguei a cabeça de meu cachorro e desisti de castrá-lo.
• Ficamos ambos aliviados.
• Mandei fazer uma grade interna a mais ou menos um metro do muro, em toda sua extensão para manter o animal longe dele. Não amordacei o cão, mas deixei mordaças à disposição de quem as quisesse colocar nele e esparramei placas do lado externo do muro, avisando:
• - Cuidado... Hulk no quintal. Só ataca quando zangado. Só se zanga quando alguém pula o muro para dentro. Uma vez zangado fica enorme e agressivo. Ninguém consegue contê-lo.
• Nunca mais tive problemas com os pivetes, que não tendo como roubar e ter vida fácil devem ter procurado caminhos como estudo, disciplina, dedicação e trabalho e, por certo, arrumaram suas vidas e deixaram a minha em paz.
 Rilmar
• 26.4.2009

2 de dezembro de 2009

O Prego e o Martelo

O PREGO E O MARTELO
Um prego e um martelo jaziam lado a lado, a cerca de uns cem metros de uma hidrelétrica em construção.
Quase ao mesmo tempo, perceberam uma inscrição nítida e tosca numa parede e que dizia:
Quando Você for martelo, não se esqueça de que já foi prego!...

O Martelo leu, não disse nada e continuou em sua inércia. O prego, no entanto, deu a maior importância à mensagem e principiou a refletir na dura missão dele, prego, que implantado a duras marteladas bem aplicadas em sua cabeça penetraria, lenta e sofridamente, no madeiramento até desaparecer quase por completo, quando então ficaria sustentando toda uma armação pesadíssima de caibros e tábuas, no mais completo anonimato.
E, ai dele se apresentasse qualquer folga, por mínima que fosse, porque prontamente alguém perceberia e novas e contundentes marteladas o recolocariam no seu humilde e devido lugar.
Ah! Martelo, disse o Prego, depois de relatar seu pensamento; não queira nunca ser prego.
O Martelo refletiu por dois segundos e respondeu:
Meu amigo; não pense que eu já nasci martelo. Não meu caro, eu já fui minério como você foi, passei por uma fundição, fui um valoroso prego na construção da usina de Tucuruí; sustentei orgulhosamente as tábuas que escoraram trechos das barragens de cimento e aço; depois fui rejeito, quase lixo; fui colhido e levado para Brasília onde fixei tábuas de barracos de úteis candangos (pregos humanos); tempos depois, virei lixo mesmo e fui catado por catadores de lixo, selecionado e remetido a uma fundição de reciclagem, quando então, junto com outros pregos, virei uma massa amorfa e posteriormente tomei a forma atual de martelo.
Sou martelo mas sei que formamos um par na lida; par sumamente importante e indissolúvel pois todo trabalho é digno, toda função é importante e, nem um de nós atua ou é útil sem o outro.
De que vale o prego sem o martelo?... Qual é a utilidade do martelo sem o prego?
Assim também, nós, seres humanos, deveríamos sempre refletir na interdependência que existe entre nós e no quão importante é, que saibamos ver a importância de nosso próximo e a nossa própria sem exagerarmos ou desmerecermos uma ou outra sem razão.
A escada por onde se sobe é a mesma por onde se desce.
Rilmar J. Gomes

1 de dezembro de 2009

ALMA VAZIA

Venha ver a minha alma,
Vem conhecê-la por dentro,
Penetra na minha mente,
Vem ler o meu pensamento.

Minha alma é muito triste,
Às vezes triste e vazia,
Tem a tristeza do triste,
Em noite de Nostalgia.

Meu coração, retrato fiel
Desta alma moribunda,
Pulsa em lúgubre compasso,
Tristonho sangue o inunda

Eu sou como alguém que morre
E no ermo mundo do além,
Escuta procura e busca;
Tenta ver, não vê ninguém.

Perdido em um mundo estranho,
Sozinho com o seu penar,
Senta-se em seu próprio túmulo,
E passa a noite a chorar.

É essa a alma que tenho
Absorta, tola, perdida;
Sempre a procura de algo
Muito longe dessa vida.

Busca a Deus a minha alma?
Busca a luz de um olhar?
Ou procura, simplesmente,
Um motivo para chorar?

Se alguma alegria tenho,,
Quando mais dela preciso,
É a que me vem de ti
E doas com teu sorriso

E de ver esse sorriso
Que eu julgava ser só teu,
Nas bocas angelicais
Dos filhos que Deus nos deu.

Rilmar (1970)